17.5.07

Registro raro

Elis Regina no Fino da Bossa ao Vivo
3
volumes com suas gravações originais

Por Antônio do Amaral Rocha

Este relançamento do box (original de 1994) com três CDs de registros únicos da participação de Elis Regina no programa O Fino da Bossa, levado ao ar pela Tv Record de 1965-1967, existe por obra do incansável crítico e divulgador da música brasileira, Zuza Homem de Mello, responsável pelo áudio dos programas. Através de artimanhas técnicas, Zuza gravou momentos marcantes de Elis e convidados. O material esteve guardado por muito tempo e após remasterização permitida pelos recursos da tecnologia digital, o som daquelas memoráveis segundas-feiras do Fino da Bossa podem novamente ser apreciados. Mas não se pense que O Fino da Bossa era uma unanimidade entre o público televisivo, afinal, não se sabe por obra de quem, aqui a fusão da MPB com o jazz se deu de forma radical, gerando uma bossa nova diferente daquela carioca, proporcionada pelo som do Zimbo Trio (piano, baixo e bateria), Quinteto de Luis Loys (piano, baixo, bateria, trumpete e sax), além de uma orquestra regida por Ciro Pereira e outra por Carlos Peper. E para os convidados que não se afinassem com essa tendência tinha ainda o Regional do Caçulinha. Nunca um movimento musical fez uma aproximação tão respeitosa entre a tradição e a inovação. Os registros nos três CDs trazem compositores e intérpretes consagrados na época e talentos nascentes. Entre os conhecidos Dorival Caymmi, Ciro Monteiro, Pery Ribeiro,Vinícius de Moraes, Tom Jobim (num pout pourri de bossa bem carioca, com Elis e Jair), Baden Powell e seu incrível violão emGarota de Ipanema”, Billy Branco, Lucio Alves, o humor de Adoniran Barbosa, Wilson Simonal, Elza Soares, Agostinho dos Santos, Claudete Soares, Ataulfo Alves, Rosinha de Valença e Os Cariocas, alguns deles presentes em duetos e outros interpretados por Elis e Jair. Entre os talentos nascentes, Edu Lobo, Jorge Ben, Roberto Menescal, João Donato, Carlos Lira, Sérgio Ricardo e Gilberto Gil. É um registro raro de uma época seminal da música brasileira.

Furacão Elis

Elis foi mais que um furacão

Regina Echeverria
Versão atualizada
Ediouro, 2007


Por AARocha

Temos o perfil da Elis humana, contraditória, polêmica, corajosa, a maior cantora do Brasil de todos os tempos, e uma das maiores do mundo, e que hoje completaria 62 anos. O livro, cuja primeira edição é de 1984, ressurge agora quando se lembra os 25 anos da morte do maior ícone artístico do Brasil do século 20, com texto atualizado, novo formato, bem ilustrado e discografia completa. O texto sensível de Regina Echeverria, mesmo ao relatar picuinhas, se como se ela estivesse contando uma história ao pé-do-ouvido. A retratista conviveu com a retratada e através de depoimentos de pessoas próximas, família, amigos e parceiros traça um painel humano dos mais pungentes. Elis é revelada como uma menina simples do Rio Grande do Sul, que vem a São Paulo e Rio para vencer e em 20 anos de carreira evolui de intérprete de bolerões ao brilho em palcos do mundo, cantando sempre o melhor da MPBdoB, reinventando o nobre ofício de cantar e revelando compositores talentosos. Regina Echeverria faz ver que a obra de intérprete que Elis construiu é o retrato pleno de sua personalidade.