18.5.07

Liberdade para Mumia Abu-Jamal

Absurdo jurídico

No dia 17 de maio de 2007, Robert Bryan, advogado de defesa de Mumia Abu-Jamal, apresentará sua defesa na Corte de Apelação da Filadélfia. Apesar da montanha de provas inocentando Mumia, o sistema “judicial” dos EUA, saturado com preconceitos de classe e raça, reduziu seu caso para apenas quatro tópicos: exclusão de Negros da participação no júri; preconceito racial; instruções inapropriadas direcionadas ao júri sobre a pena de morte; e má conduta por parte da Promotoria. Em 1982, num julgamento arranjado que foi condenado por inúmeros grupos e indivíduos proeminentes, incluindo a Anistia Internacional, o Parlamento Europeu, a NAACP (Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor – entidade anti-racista norte-americana), a Ordem dos Advogados dos EUA, o presidente da África do Sul Nelson Mandela, o presidente da França Jacques Chirac, centenas de sindicatos nos EUA e em todo o mundo, e os conselhos municipais das cidades de Detroit, São Francisco e Paris, Mumia foi condenado erroneamente pelo assassinato de um policial na Filadélfia. As principais provas da inocência de Mumia foram destruídas o confiscadas. “Testemunhas” que nunca estiveram no local do crime foram coagidas a declarar que assistiram ao assassinato. A Polícia distorceu os eventos e as provas materiais na cena do crime. Nem mesmo Mumia pôde participar da maior parte das etapas do seu próprio julgamento.

Mumia foi vítma de uma armação política

Ele é um jornalista premiado, cujo respeitadíssimo comentário social é transmitido atualmente por 124 estações de rádio dos EUA. Em 1981, como comentarista de rádio e Presidente da Associação de Jornalistas Negros da Filadélfia, ele era um dos principais críticos do Departamento de Polícia da Filadélfia. Posteriormente, muitos dos policiais denunciados por Mumia nessa época foram indiciados e condenados por corrupção, intimidação de testemunhas e forjamento de provas. O juiz responsável pelo caso de Mumia, Albert Sabo, foi ouvido por Terri Maurer Carter, estenografa do tribunal, na antecâmara do julgamento de Mumia, declarando que “vou ajudá-los a fritar aquele crioulo”. Mumia esteve no corredor da morte por quase 25 anos. Ele acabou transformando-se num símbolo internacional na luta contra o sistema bárbaro e racista de pena de morte. Autoridades da Pensilvânia estão tentando, pela terceira vez, impor a pena de morte e sua execução por injeção letal. Nós temos que transformar o preço político dessa execução e desse encarceramento muito alto para valer a pena. Nós apoiamos Mumia na luta pelo seu direito legítimo a um novo julgamento, por sua vida e liberdade. Junte-se a nós na Filadélfia na quinta-feira, dia 17 de maio, às 9h30 no Tribunal Federal, rua 6 com a Market, Filadélfia. Na Costa Oeste, nos mobilizaremos no Tribunal Federal de Apelações, Na Rua 7 com a Mission, em São Francisco, das 16h às 18h. Ligue: 415-255-1085 (EUA)Pam Africa • Ed Asner • Harry Belafonte • Heidi Boghosian, Exec. Dir, National Lawyers Guild • Angela Davis • Hari Dillon, President, Vanguard Public Foundation • Eve Ensler • Bill Fletcher Jr., Co-founder, Center for Labor Renewal • Danny Glover • Frances Goldin • Rick Halperin, President, Texas Coalition to Abolish the Death Penalty • Dolores Huerta • Barbara Lubin, Dir., Middle East Children's Alliance • Jeff Mackler • Robbie Meeropol, Exec. Dir., Rosenberg Fund for Children • Michael Ratner, President, Center for Constitutional Rights • Lynne Stewart • Alice Walker • Cornel West • Howard Zinn.

Quem é Mumia Abu-Jamal

Abu-Jamal nasceu em 24 de abril de 1954 na cidade de Filadélfia, estado da Pensilvânia, EUA.Na época em que foi preso, acusado pelo assassinato de Daniel Faulkner, policial da Filadélfia, Mumia Abu-Jamal era um reconhecido jornalista e ativista afro-americano. Ele era presidente da seção da Filadélfia da Associação de Jornalistas Negros. O número de janeiro da revista Philadelphia o havia considerado "uma personalidade a se observar em 1981". Durante o período de 1970-1981, seu trabalho foi amplamente prestigiado e Mumia foi premiado pela Corporation for Public Broadcasting. Era conhecido como a "voz dos sem-vozes" em virtude dos programas que transmitia pela National Public Radio, Mutual Black Network e National Black Network, além dos programas que apresentava diariamente na emissora WUHY, hoje WHYY, e em várias outras.Desde sua juventude, Mumia foi um ativista político. Aos catorze anos foi agredido e preso por protestar num comício da campanha presidencial de George Wallace, ocorrido na Filadélfia. No outono de 1968 tornou-se membro fundador e vice-ministro de informação do partido dos Panteras Negras, seção da Filadélfia. Durante o verão de 1970, Mumia trabalhou no jornal dos Panteras em Oakland, Califórnia, regressando à Filadélfia pouco antes de a polícia atacar as três sedes locais dos Panteras.
Trabalhando como jornalista na década de 70, Mumia publicou vários artigos nos quais criticava duramente o Departamento de Polícia da Filadélfia e a administração Rizzo, o que também contribuiu para fazer dele um "homem a se observar". Rejeitou a versão de Rizzo sobre o cerco do quartel general do MOVE em 1978, realizado por mais de seiscentos policiais fortemente armados, no bairro de Powelton Village, o que lhe custou o emprego de jornalista numa emissora. Teve de trabalhar como taxista durante a noite para manter sua família. Estava conduzindo seu táxi na noite de 9 de dezembro de 1981 quando foi agredido e baleado pela polícia e acusado de assassinar um policial. Foi julgado seis meses depois e, em 3 de julho de 1982, condenado à morte. Sua apelação ao Supremo Tribunal da Pensilvânia foi recusada em março de 1989 e depois o Supremo Tribunal dos Estados Unidos se negou a examinar o caso. Um pedido de recurso "pós-condenação" está sendo preparado para ser apresentado em tribunais estaduais. Há treze anos Mumia está no corredor da morte na prisão de Huntingdon. Desde 1990, do corredor da morte, ele voltou a trabalhar como jornalista e seus artigos têm sido reproduzidos em dezenas de jornais pelo menos quarenta, ao que se sabe nos Estados Unidos e na Europa. Em janeiro de 1991, suas informações e análises sobre a vida no corredor da morte e sobre o impacto do caso McCleskey foram publicadas no Yale Law Journal. Em 1994, os comentários de Ao Vivo do Corredor da Morte, que ele preparava para o programa All Things Considered, da National Public Radio, descrevendo a vida atrás das grades em Huntingdon, causaram tal controvérsia que foram abruptamente retirados do ar, desencadeando um vivo e intenso debate em todo o país sobre a censura e a pena de morte.
Para conhecer mais sobre Abu:
http://historia.abril.com.br/2006/edicoes/entrevista/mt_168067.shtml

17.5.07

Registro raro

Elis Regina no Fino da Bossa ao Vivo
3
volumes com suas gravações originais

Por Antônio do Amaral Rocha

Este relançamento do box (original de 1994) com três CDs de registros únicos da participação de Elis Regina no programa O Fino da Bossa, levado ao ar pela Tv Record de 1965-1967, existe por obra do incansável crítico e divulgador da música brasileira, Zuza Homem de Mello, responsável pelo áudio dos programas. Através de artimanhas técnicas, Zuza gravou momentos marcantes de Elis e convidados. O material esteve guardado por muito tempo e após remasterização permitida pelos recursos da tecnologia digital, o som daquelas memoráveis segundas-feiras do Fino da Bossa podem novamente ser apreciados. Mas não se pense que O Fino da Bossa era uma unanimidade entre o público televisivo, afinal, não se sabe por obra de quem, aqui a fusão da MPB com o jazz se deu de forma radical, gerando uma bossa nova diferente daquela carioca, proporcionada pelo som do Zimbo Trio (piano, baixo e bateria), Quinteto de Luis Loys (piano, baixo, bateria, trumpete e sax), além de uma orquestra regida por Ciro Pereira e outra por Carlos Peper. E para os convidados que não se afinassem com essa tendência tinha ainda o Regional do Caçulinha. Nunca um movimento musical fez uma aproximação tão respeitosa entre a tradição e a inovação. Os registros nos três CDs trazem compositores e intérpretes consagrados na época e talentos nascentes. Entre os conhecidos Dorival Caymmi, Ciro Monteiro, Pery Ribeiro,Vinícius de Moraes, Tom Jobim (num pout pourri de bossa bem carioca, com Elis e Jair), Baden Powell e seu incrível violão emGarota de Ipanema”, Billy Branco, Lucio Alves, o humor de Adoniran Barbosa, Wilson Simonal, Elza Soares, Agostinho dos Santos, Claudete Soares, Ataulfo Alves, Rosinha de Valença e Os Cariocas, alguns deles presentes em duetos e outros interpretados por Elis e Jair. Entre os talentos nascentes, Edu Lobo, Jorge Ben, Roberto Menescal, João Donato, Carlos Lira, Sérgio Ricardo e Gilberto Gil. É um registro raro de uma época seminal da música brasileira.

Furacão Elis

Elis foi mais que um furacão

Regina Echeverria
Versão atualizada
Ediouro, 2007


Por AARocha

Temos o perfil da Elis humana, contraditória, polêmica, corajosa, a maior cantora do Brasil de todos os tempos, e uma das maiores do mundo, e que hoje completaria 62 anos. O livro, cuja primeira edição é de 1984, ressurge agora quando se lembra os 25 anos da morte do maior ícone artístico do Brasil do século 20, com texto atualizado, novo formato, bem ilustrado e discografia completa. O texto sensível de Regina Echeverria, mesmo ao relatar picuinhas, se como se ela estivesse contando uma história ao pé-do-ouvido. A retratista conviveu com a retratada e através de depoimentos de pessoas próximas, família, amigos e parceiros traça um painel humano dos mais pungentes. Elis é revelada como uma menina simples do Rio Grande do Sul, que vem a São Paulo e Rio para vencer e em 20 anos de carreira evolui de intérprete de bolerões ao brilho em palcos do mundo, cantando sempre o melhor da MPBdoB, reinventando o nobre ofício de cantar e revelando compositores talentosos. Regina Echeverria faz ver que a obra de intérprete que Elis construiu é o retrato pleno de sua personalidade.