9.2.07

Privilege não é mais um filme desaparecido!

Por AARocha
Não foi fácil mas encontrei. Garimpei e com as dicas do Carlos Reichenbach encontrei uma cópia de Privilege. Estou embasbacado com a atualidade deste filme feito em 1967 por Peter Watkins, com Paul Jones e Jean Srimpton nos principais papéis. O Reino Unido é retratado como uma lugar caustrofóbico e de arquitetura sufocante. O popular singer Steve Shorter se "deixa" manipular pela mídia, TV, empresários, igreja, status quo, mercado, enfim. É uma pecinha minúscula numa imensa e esmagadora engrenagem. Decidem tudo por ele, na ausência dele, até como deve cantar e o que deve cantar. Mais do que isso, como deve se comportar, o que deve fazer e falar. Em meio a isso tudo há uma namorada, artista plástica, compreensiva, que parece ser a única a ver os absurdos a que ele se submete. É a consciência crítica do enredo. O popular singer cai em desgraça e vai para a cadeia. Numa arena, enjaulado e algemado como um Prometeu acorrentado sua consciência será imolada. Toma tento da situação, canta, revolta-se, agride os guardas. A platéia se revolta.
Parece uma peça sendo representada. É humilhado, velipendiado e como um zumbi é escalado para representar a vontade podre do sistema, da mídia, da indústria do entretenimento, da igreja. A encenação é de tom sério, mas sabemos ser uma farsa o que estamos vendo. A farsa do mercado, da salvação através da religião. Nesse espetáculo de horrores, hordas enlouquecidas de fãs continuam a participar dessa festa macabra. Querem mais, sempre mais. A trilha sonora é algo à parte. O filme todo é recheado de belas cançoes de rock.
É um filme premonitório, mais atual impossível. Pena que dificilmente poderemos vê-lo novamente em cinemas e mesmo na televisão. Vá atrás dessa pequena obra prima, vale a pena...